Léo Jabá grato ao Estrela: «Vi esta oportunidade como um recomeço»
Leo Jabá, do Estrela da Amadora, perfilado a instantes de um jogo pela Liga de futebol. Foto: Maciej Rogowski/Imago.

Léo Jabá grato ao Estrela: «Vi esta oportunidade como um recomeço»

NACIONAL28.03.202417:40

Extremo dos tricolores considera que vinda para a Reboleira lhe proporcionou começar de novo, após dois anos de recuperação; confessa já ter tido propostas dos 'grandes' de Portugal e elogia o campeonato luso

O momento atual da carreira de Léo Jabá assemelha-se ao renascer de uma Fénix: após dois anos até à plena recuperação, o ressurgimento num modesto clube de São Paulo e a entrada em Portugal, pela mão do Estrela da Amadora. Um clube ao qual se mostra grato pela forma como o recebeu e onde escolheu a fazer o seu «recomeço»

Com apenas 25 anos, já teve várias passagens de destaque. Como encara essa experiência acumulada?

Sou um garoto abençoado por Deus. Comigo as coisas aconteceram muito rápido, tive histórico desde os sub-14 até aos sub-20 da seleção do Brasil e sabemos o quão difícil é lá chegar, estreei-me com 16 anos no Corinthians, um clube de muitos adeptos e pressão, e depois sou transferido para a Rússia, para um país totalmente diferente, uma cidade muçulmana. Amadureci como ser humano e atleta ainda novo, como 18 anos, e dei um passo para a Grécia. Ainda hoje sou a contratação mais cara do PAOK, que investiu em mim e até aí tudo correu bem, o clube não era campeão há 38 anos e fui campeão no meu primeiro ano lá e nesse seguimento tive propostas do FC Porto, do Sporting, mas infelizmente não deu.

Como lhe aparece o São Bernardo, na Série C do Brasil, quando antes só tinha passado por clubes de nomeada?

Depois de terminar o semestre no Vasco, o meu antigo empresário disse que tinha várias coisas e eu acreditei. Afinal, não tinha nada para mim e tinha rescindido o meu contrato com o PAOK, fiquei em casa quatro meses e não tinha para onde ir. A janela na Europa estava fechada e é aí que surge o São Bernardo, cujo treinador me treinou na formação, no Corinthians, e todos os anos entrava em contacto comigo para jogar no Campeonato Paulista, mesmo quando eu jogava no PAOK. Eu respondia que não tinha como sair do PAOK na altura, mas dei a minha palavra que se um dia voltasse ao Brasil eu jogaria pelo São Bernardo. Deram-me confiança depois de ter ficado em casa por quatro meses, comecei a fazer a pré-época lá, nessa altura recebi a notícia de que iria ser pai e decidi ficar.

E como lhe surge a possibilidade de rumar ao Estrela?

Quando terminou o Campeonato Paulista, o mister Sérgio Vieira entrou em contacto com o meu agente e conversámos por 40/45 minutos. Já tinha muitos clubes de Portugal interessados, que tinham feito propostas, mas aquela conversa encantou-me mais, de conhecer o atleta, o que eu já tinha passado e isso fez toda a diferença. Mostrou-me a história do Estrela, um clube histórico que estava de regresso à primeira divisão e que era diferente de tudo o que já tinha tido na minha carreira, e que tinha uma estrutura com tudo o que precisava para praticar um bom futebol e não foi diferente: desde que cheguei a Portugal, fui bem recebido e parece que estou aqui há cinco ou seis anos.

Depois desse destaque, a sua carreira conheceu um revés devido a uma lesão. Como viveu esse momento?

São coisas do futebol…ainda no PAOK, num amigável com uma equipa da 3.ª divisão, o Dramas, no último lance, o guarda-redes acertou no meu joelho e aí complicou tudo, estava num momento muito bom, e logo no joelho…é um assunto que, se há dois anos falássemos sobre ele, eu nem gostava de tocar porque um dia acordei com dores e muita febre, tive uma infeção hospitalar, e poderia ter perdido a minha perna. Fiquei internado, vi os meus pais chorar…são coisas que só quem passa sabe o quanto é difícil. Perdi dois anos da minha vida nesse sentido, por causa de uma lesão no menisco, de três meses, e foi um processo doloroso para mim. Passou muito tempo e depois tive a hipótese de voltar para o meu país, para o Vasco da Gama, um clube pelo qual vou ter eterna gratidão porque me recuperou, fiz muitos jogos, golos e assistências, e o PAOK acabou por pedir o meu regresso.

Pode dizer-se que o Estrela foi o patamar ideal para esse recomeço?

Sim, desde o primeiro momento fui muito bem recebido e isso faz toda a diferença. A expectativa era grande, de vir e vi esta oportunidade como um recomeço, porque já tinha passado pela Rússia e pela Grécia…e lembro-me de responder a uma pergunta sua, antes do jogo com o Portimonense, na 1.ª volta, sobre ‘o que esperar do Léo’ e eu respondi que estou num processo de adaptação. A expectativa era grande, porque já tinha passado por outros clubes e tinha tido uma lesão no São Bernardo, mas Portugal, para mim, sempre a vi como uma das ligas top 5. Todos sabemos da vitrine que é, da visibilidade que há aqui. Não havia melhor cenário que vir para o Estrela e fazer as coisas acontecer. Graças a Deus que pude fazer as coisas recomeçarem.

Conhece bem o futebol português, até pelo facto de já ter trabalhado com vários jogadores lusos – só no PAOK, foi orientado por Abel Ferreira e partilhou balneário com Fernando Varela, hoje no Casa Pia, ou Vieirinha...

 O bom do futebol é isso, não é? As amizades. Lá na Grécia, não só o Vieirinha, o Abel ou o Fernando, mas também encontrei o Sérgio Oliveira, o Nélson Oliveira que agora está no Vitória de Guimarães...com o Fernando Varela, tenho contacto até hoje, vou com ele ver o jogo do filho dele, que joga no Benfica B (ndr: Gustavo Varela)... são jogadores experientes, que sempre me deram conselhos quando cheguei. O Adelino - é assim que lá chamam ao Vieirinha - fala grego e ajudou-me muito, porque quando lá cheguei eu não falava inglês, não sabia nada (risos) e isso foi muito importante para a minha adaptação. Tenho muita gratidão e carinho por eles.

Léo Jabá, ao lado de Fernando Varela numa sessão de treino do PAOK, na Grécia. Foto: ANE Sports/Imago

A sua formação de topo no Brasil, ao serviço de São Paulo e Corinthians, permitiu-lhe também fazer várias amizades com jogadores que, tal como o Léo, se notabilizaram...

No futebol, tudo acontece muito rápido e tudo o que fica é o que constróis. Passei pelo São Paulo e depois fui para o Corinthians em 2009, como sub12/sub13, e no São Paulo ainda conheci o David Neres e até pude defrontá-lo num PAOK vs Ajax, aqui, quando o defrontei, fizemos a troca de camisolas. O Militão é outro, o Pedrinho que passou pelo Benfica dormia na minha casa quando estávamos na formação do Corinthians, por ele ser do Nordeste não ia para casa e ficava sempre no alojamento.

Procuro manter essas amizades, trocar mensagens no Instagram ou no WhatsApp, e sei também como é a correria deles no outro lado, de treino, mas procuramos manter contacto e vermos os jogos, e também desejar boa sorte.